sábado, 13 de novembro de 2010

O dia que o mar não voltou

Um sr. de repente olhou o relógio, "Meio dia" ele disse. Olhou para o deserto em frente a cidade, que estava lá desde há muitos séculos. Uma geografia híbrida! De manhã, um deserto. Meio dia, o mar começava a avançar, e duas horas depois, a cidade era na beira do mar. Todo dia, era assim! Mas era meio dia e vinte e nada do mar. As pessoas começaram  a parar e olhar, esperar... olhavam-se como que perguntando onde estava o mar, que todos dias voltava. Mas que droga é essa? Vinte minutos depois a orla estava repleta de gente, a televisão, os jornais, etc. Surgiu um helicóptero, e voou em direção ao mar. Passou alguns minutos e o helicóptero voltou. Voo até onde pode, mas nada do mar. As pessoas olhavam e como a perguntarem-se que bosta é, quem seremos nós sem ele, sem o mar.
O mar não voltava, não voltou. Nunca mais.

O bitrem e o jabuti

Um bitrem é um conjunto de semi-reboque, que pode chegar a 74 toneladas. Isso é 1850  vezes mais pesado que um jabuti. Por outro lado, o animal aí anda a mais ou menos 600 metros por hora.
O bitrem pode atingir nos declives da BR 153, nada menos que 180 km/horas.
Sabendo desses fatos técnicos, relação entre tamanhos e velocidade, fica a pergunta, o que leva um jabuti a atravessar a estrada num aclive, às 11 da manhã.

Eu estava, na última quinta-feira, indo a Imperatriz, e faltando uns vinte quilomentros, vi uma cena única: um jabuti atravessando a pista, na maior calma do mundo; os caminhões passando vrummm!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! vrumm!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Pra lá e pra cá vrummmmmmmmmmmm!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Não pude me conter. Parei o carro no acostamento. Fiquei olhando, o jabuti levantar uma pata, a outra (vrummmmmmmmm!!!!!!! vrummmmmmmmm!!!!!!!!!!!!!!!!!!) Sem olhar para os lados (vrummmmmmm!!!!!!!!!!!!!!! vrummmmmmmmm!!!!!!!!!!!!!) Atravessou a pista, se embrelhou no capim. (vrummmmmmmmm!!!!!!!!!!!!!! vrummmmmmmmm!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)

Liguei o carro e fui embora!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A idade da razão na fronteira da cultura

Sempre

me interessou o individualismo de fronteira; do chucro, do macho e da fêmea rude, que se sente o parâmetro da experiência do mundo. Que age como se o mundo fosse isso mesmo, "o que o meu olhar alcança". De gente que nasceu antes das sociedades onde vivem. Eu por exemplo nasci três anos antes que a cidade onde nasci.

Esse individualismo, segundo o sociologo francês Louis Dumont é do individuo-fora-do-mundo, que se sente a parte e nesse caso anterior à sociedade política. Isso é a fronteira....

Esse individualismo é diferente do que aquele pregado pelo mundo burguês - o que Dumont chama de o indíviduo-dentro-do-mundo. Mas os dois no contexto de fronteira se entremesclaram, de modo profundo, nos últimos anos.

Meu pai é um desses homens de fronteiras e ele votou no Montanha porque disse que o Lula tirou toda a capacidade individual das pessoas: ninguém mais faz nada, o governo é quem faz. Mas aí existe um equívoco sobre o que é a comunidade política.

Na verdade, nós que alcançamos a idade da razão na fronteira, quando do neoliberalismo, apoiamos o FHC. Isso nos parecia bom (afinal para nós nunca houve sociedade, só individuos; no que a inglesa aquela nos copiou).

Um erro que só foi corrigido pelo governo do barbudo esse (meu pai disse que não gosta do Lula, diz que aquela barba não é coisa de macho). Lula nos inseriu, levou-nos para a comunidade política brasileira. Nos disse que a nação não é coisa de ação de cada qual, mas sim a ação de todos em prol de um objetivo comum. Enfim, que sem projeto não país, nem outra porra qualquer nesse nosso mundo.