sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

No semáforo



Hoje estava disposto, em algum lugar do céu, que eu ia encontrar um grande poema; arrebatador. Por isso, comprei logo cedo uma coletânea de poemas de todo o mundo. Ao chegar no semáforo mais próximo de minha casa, abri o livro e comecei a ler um poema épico Hutu de autor desconhecido.
Os minutos trupicaram uns nos outros.
(....)
Quando terminei de ler o texto levantei a cabeça e havia uma multidão ao redor do carro - assim igual galinhas vigiando cobra, com pescoço cumprido. Uma fila de carros buzinando e um policial, suado, apontadando um dedão duro em minha direção. De repente alguns macho intrépidos começaram a balançar o carro, querendo me tirar lá de dentro. Aí que entendi que a polícia estava ali para proteger meu direito constitucional à leitura, um defensor da cultura, portanto, o polícia. Mas, amargurado, pensei "Que bosta!" pensei, "não se pode ler mais nessa vida" gritei enfurecido para os muitos que queriam sair no braço comigo. Liguei o carro e fui procurar outro semáforo. 

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